João RODRIGUES
alias Djunga do Tribunal
(1931 - 2013)

Biographie


João Baptista Rodrigues, dit Djunga do Tribunal, est né le 9 novembre 1931 sur l'île de São Vicente et meurt le 8 septembre 2013, au même endroit.
Il entre en 1951 comme apprenti secrétaire au tribunal du concelho, avec João Maurício Chantre, dit Jorge do Tribunal, et Pedro Alcantara. Tous trois passent autant de temps à travailler qu'à écrire pour leur compte propre.
Pour le reste, on ne sait pas grand chose de la vie de Djunga.
Une étude de fond reste à faire.

Il occupe le siège n° 40 des Patronos / Imortais da Academia Cabo-verdiana de Letras, fondée en 2013.

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Oeuvres littéraires


João Rodrigues a publié sept ouvrages, tout à la fois recueils de poésie, de contes ou de nouvelles.
Il collabore avec les principaux périodiques capverdiens post-Indépendance et co-fonde la revue Artiletra.

Remarque: il ne faut pas confondre Djunga do Tribunal avec Nhõ Djunga, à savoir João Cleofas Martins (27/08/1901 - 27/08/1970), actif dans le monde théâtral capverdien et à la radio, aux côtés de Sérgio Frusoni, et auteur, entre autres, de Roupa Pipi e bon senso  ou de Vai-te treinando desde já. Il a donné son nom au Centro Juvenil Nhô Djunga, à Mindelo, qui a pour action, l'accueil des enfants en situation de risques.
Par ailleurs, il extiste plusieurs auteurs signant João Rodrigues, ce qui rend l'établissement de la bibliographie difficile, en particulier pour les périodiques.

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GÉNESE EM MISE EN SCÉNE
                                          ... Eis que da imperfeição surge a perfeição!
                              I

A pedra
era pedra:

bruta
imperfeita
agreste
mas sensual nos lábios nos seios
no corpo nu sexualmente exposto
e o sexo era a pedra

- pedra mulher

A seiva e a vida
agitaram no ventre
da pedra
quando
gestos impúdicos copularam
a pedra
e a seiva consolidou
e entoou o hino da vida
e a vida se agitou no estrume-pólen
e a pedra
contorceu-se em dores de parto

- pedra-mãe!

A sinfonia de barro e orgia
prostituinte da noite
era prognóstico de vidas
retido no pensamento da
pedra-mulher-pedra-mãe

                              II

A pedra
era pedra:

as árvores
o sol
o vento
assobiaram canções eróticas nos ouvidos
da pedra
conspurcaram amor impúdico na boca
da pedra
ejacularam a vida no ventre
da pedra
e ao pólen
e à seiva
vermes se juntaram
consolidando vidas nas entranhas
da pedra
antes pedra
depois mãe

e milhares de seres rodearam
a pedra

E EVA CHAMARAM-NA

Perplexos 
jazemos as contas biológicas
dois mais um 
três vezes três
igual ao resultado biologicamente certo
da gestação perfeita

e antes de sermos
estáticos contemplámos o espect´culos
a vida surgindo

perfeita e bela
de pedra imperfeita.

                              III

Volvidos milénios
a génese apodrecida
a pedra soterrada
sopesando esta poesia prostituída
de repente
evocamos o nosso pudor
e escapa-se-nos esta irreverente interrogação:

EVA-PEDRA
PEDRA-MÃE
QUE FIZESTE AO PAI ADÃO?

Raízes, n° 7-16 (1978-1980), p. 123-125

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SINFONIA TERRA BURCÃ
                                           Para Corsino Fortes

                              I
Na irreverente sinfonia Dó Sol
      no louco marulhar das ondas

agora Pão

      Na voz intransigente do mar
no melancólico assobio do vento

      agora Fonema

No dorso gigante
      na boca secular do Dragão

agora orvalho
                            e
                            marulho

      No ventre Genebra
na Terra Burcã
      agora milho
                            e
                            Nascente nascendo
                            e
                            Crianças renascendo


                              II
Agora Pão
      na irreverente sinfonia Dó Sol
agora Fonema
      no louco marulhar das ondas

Não mais o cavo som na garganta da rabeca
      não mais o suspiro-expiro da onda na praia

Agora milho
                          e
                          Nascente nascendo
                          e
                          Poente se pondo
                                                          em álacres ritmos
                                                                                             de verde sinfonia.

Raízes, n°5-6 (1978), p. 114-115



Bibliographie


Oeuvres

  • Maré Cheia (poemas), (Mindelo): Ed. do autor, 04/2009, 27 p.
  • Montes Verde-Cara: contos de Cabo Verde, (Mindelo): Ed. do autor, 1993, 123 p.
  • Pérolas do Sertão: ode dos homens das ilhas que partiram, (Mindelo): Ed. do autor, 1987, 18 p.: poésie
  • O jardim dos Rubros Cardeais: "flashes" de uma viagem, Mindelo: Ed. do autor / Gráfica do Mindelo, 1986, 61 p., 20 cm.; réédition: 01/2008: poésie
  • Caminhos agrestes, Praia: ICL, 1984, 46 p.  (coll. Dragoeiro, n° 2): contes
  • Casas e casinhotos: novela cabo-verdiana (memórias de uma aldeia), (Mindelo): Ed. do autor, 1981, 109 p., 20 cm. (intro. Luís Romano)
  • O casamento de Juaquim Dadana: noveleta cabo-verdiana, (Mindelo): Ed. do autor, 1979, 49 p., 20 cm.
  • Montes Verde-Cara, (Mindelo): Ed. do autor, 1974, 94 p.: contes

Périodiques

  • Artiletra: JORE / Jornal revista de educação, ciência e cultura, ano XIII, n° 65 (12/2004 - 01/2005):
  1. "Autobiografia", p. 5
  2. "Destinos", p. 5
  3. "Herança", p. 5
  4. "Decisão", p. 5
  5. "Eu conheço a lei", p. 5
  • "Canda Bruxa", Artiletra: JORE / Jornal - revista de educação, ciência e cultura, ano X, n° 41 (12/2001), p. 11
  • "Os macacos", Artiletra: JORE / Jornal revista de educação, ciência e cultura, ano VIII, n° 29 (05-06/1999), p. 6
  • "Galinhóna", Artiletra: JORE / Jornal revista de educação, ciência e cultura, ano VII, n° 24 (06-07/1997), p. 9
  • Arquipélago: revista de opinião e cultura, ano III, n° 10 (12/1988):
  1. "Poemas de João Rodrigues, poeta mindelense (Cabo Verde), de Pérolas do Sertão (poemas n° III e IV)", p. 18-19
  2. "A carta de chamada", p. 44-45
  • "s.t.", Ponto e vírgula: revista de intercâmbio cultural, n° 16 (01-07/1986), p. 26
  • "António Aurélio Gonçalves: breves apontamentos sobre o homem e o escritor", Voz di povo, ano XI, n° 490 (1985), p. 3
  • (?) Lavra e oficina, n° 15 (1979):
  1. "Lágrimas não as tenho", p. 11
  2. "Luanda 61", p. 11
  • Raízes, ano IV, n° 7-16 (07/1978 - 12/1980):
  1. "Evocando Neruda", p. 122-123
  2. "Génese em mise en scène", p. 123-125
  • Raízes, ano II, n° 5-6 (01-06/1978):
  1. "Sinfonia terra burcã", p. 114-115
  2. "Sínese dja-braba", p. 115
  • "Perdidos da noite", Raízes, ano I, n° 3 (07-09/1977), p. 55-59
  • "Oh na mar", Voz di povo, ano I, n° 39 (1976), p. 9

Recueils collectifs - Anthologies - Autres

  • "Canção nocturna", in Erica Antunes Pereira / Maria de Fátima Fernandes / Simone Caputo Gomes (ed.), Cabo Verde, 100 poemas escolhidos, Praia: Ed. Pedro Cardoso, 2016, p. 76-77 
  • "Sinopse para um regresso a infancia / Synopsis for a Return to Childhood", in Don Burness (ed.), A Horse of White Clouds. Poems from lusophone Africa, Ohio: Ohio University Press, 1989, p. 126-129
  • José Luís Hoppfer Cordeiro Almada (ed.), Mirabilis de Veias ao Sol: antologia dos novíssimos poetas cabo-verdianos, Lisboa: Caminho, 1988:
  1. "Salmo de uma noite de solidão", p. 250
  2. "Solos fecundos do meu violão ao luar", p. 251
  3. "Evocando Neruda", 252-253
  4. "Génese en mise en scène", p. 254
  • Luís Romano (ed.), Contravento. Antologia bilingue de poesia cabo-verdiana, Taunton (MA / USA): Atlantis Publishers, 1982:
  1. "Cantiga d'bóca-da-not / Cantiga do anoitecer", p. 166-169
  2. "Mamã-Plõ / Mamãe-Pilão", p. 170-173
  3. "Poema falhód / Poema falhado", p. 174-175
  4. "Lembrança dots temp / Lembrança doutros tempos", p. 176-179
  • "Doce lembrança", in Jogos florais 12 de Setembro, Praia: ICD, 1976, p. 103-104

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Etudes critiques


  • "Faleceu na ilha que o viu nascer o contista e poeta mindelense João Baptista Rodrigues", RTC.cv, 09/09/2013, en linge  (web)
  • "Encontro com o poeta e ficcionista João Rodrigues (entrevista)", Artiletra: JORE / Jornal revista de educação, ciência e cultura, ano XIII, n° 65 (12/2004 - 01/2005), p. 5
  • Donald Burness, "Interview with João Rodrigues", Africana Journal, n° 17 (1998), p. 71-77
  • Donald Burness, "Interview with João Rodrigues", Luso-Brazilian Review. Special Issue: Luso-African Literatures, vol. 33, n° 2 (1996), p. 103-107
  • "Apreciações de Luís Romano: João Rodrigues", Arquipélago: revista de opiniõ e cultura, ano III, n° 9 (1988), p. 30
  • João Lopes Filho, "Conversando com João Rodrigues (entrevista)", Ponto e vírgula: revista de intercâmbio cultural, n° 16 (01-07/1986), p. 24-26

O jardim...

(2a ed. - 2008)

Maré Cheia

(2009)

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