Custodio Jose DUARTE
(1841 - 1893)

Biographie


Custodio José Duarte est né le 16 juin 1841 à Vila Real, au Portugal, et meurt le 19 septembre 1893, à São Vicente.
Médecin, il a soutenu sa thèse Responsabilidade médico-cirúrgica  en 1865 à l'Escola médico-cirúrgica de Porto et l'a publiée la même année. 
Par la suite, il est dépêché dans l'archipel du Cap Vert en tant que médecin, poste qu'il occupe durant une dizaine d'années, à l'exception d'un bref interval entre mars 1876 et juin 1877, où il est nommé secrétaire-général du gouvernement en Angola. A son retour en 1877, il devient chef de la Santé de la Province et réside alors à Mindelo. Là, il occupe également le poste de Président de la Câmara de São Vicente et il fonde la Bibliothèque municipale, inaugurée en 1882.



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Oeuvres littéraires


Ecrivain, poète, il collabore à des journaux portugais et brésiliens dont A Grinalda  (Porto) ou O século XIX...
Il écrit une História de Cabo Verde, ainsi que de nombreux poèmes, le tout non édité, car selon ses dernières volontés, tout ses écrits devaient et ont été (à quelques exceptions près) jetés à la mer.

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A Emilia das Neves (web)

Na fronte mais humilde ha uma cousa infinita!
Póde um peito conter oceanos de luz!
Ha um quê no coração, que, se um dia palpite,
Como o braço de Deus, cria mundos a flux...

Feliz o que no berço abraça em sonhos vagos
Um fantasma de fogo e acorda pensativo!
Ao tecto do casal vem-lhe a estrella dos Magos,
E sempre estrada immensa aponta o lume vivo...

Assim brotou em ti a ideia  da grandeza;
Lancaste em derredor o teu olhar profundo,
E vendo a sombra aqui, em santo fogo accesa,
Tracaste um vôo audaz dum mundo a outro mundo.

Que bello que será pairar na imensidade:
Sentir su'aza arder nas estrelas dos ceux,
Nadar em mar de soes, medir a eternidade,
E entrar como um conviva o proprio lar de Deus!

Mas que força é precisa a quem ousar a briga!
É nobre e varonil soltar um arremesso;
Mas vive em cada mar uma vaga inimiga, 
Que oppõe os hombros nús á quilha do Progresso.

Ai! eu tanbem suppuz que havia em minha fronte
O mistico signal que o genio mostra ali;
E vendo o ceu em fogo um dia no horisonte,
Eu, passaro da noite, á alvorada corri...

A louca e pobre da ave ignorava que o raio
Esperava Franklin e andou por lá perdida...
Ousou fitar o sol, mas foi fatal o ensaio,
A luz era de mais, cahiu ao chão sem vida...

Mas tu não te enganaste. Uma mão poderosa
O luzeiro polar nos ares te accendeu; 
Tiraste a cada estrêla a coma luminosa,
Cantaram-te um hossana os furacões do ceu.

Chegaste e do passado a sombra cruza os braços;
O archanjo do presente ao vêr-te se comprime,
E um homem pensa e crê que o vento dos espaços
Fizera para ti a palavra: sublime!

Na lucta aonde vais saúda-te a victoria;
Agora o que te resta é marchar a surrir;
Espera-te lá embaixo uma chamma de gloria
Pousada sobre o humbral do templo do porvir.

Não digam que depois da palpebra cerrada
A luz que em nós brilhou não dura um só instante,
Que a sombra é sempre sombra, e o nada e sempre nada...
O carvão em cristal é um puro diamante!

Pois que! sentir na fronte a santa intelligencia,
No peito o espaço infindo, e na pupilla os ceus,
E dizer: morta a flôr, lá vae a sua essencia!
E o porvir? e o porvir? O genio é o proprio Deus.

A renascença: orgão dos trabalhos da geração moderna, n° 5-7 (05-07/1878), p. 105-106 

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(sans titre?)

Ó virgens, que passaes baixando os olhos castos,
Frontes que andaes scismando em uma aurora nova,
Vêde se procuraes, inda que andeis de rastos,
O ouro fino de lei, perdido nesta cova.

E tu, poeta, e tu, que vaes na hora extrema
Do ocaso meditar das florestas na calma,
Detem-te qui um pouco e estuda este poema:
- Se em flôr se torna o corpo, em que se torna a alma? -

Vós, que um anjo acompanha ao lado noite e dia,
Tu, que ao bello sómente o canto has consagrado,
Ó eleitos do Senhor! ó innocencia! ó poesia]
Elle era vosso irmão... beijai-lhe o pó sagrado.

A renascença: orgão dos trabalhos da geração moderna, n° 5-7 (05-07/1878), p. 104-105 



Bibliographie



  • "Dávida dum pobre", A Grinalda, n/a
  • "Penumbra", A Grinalda, n/a
  • C.J.D. / Joaquim Vieira Botelho da Costa, "O crioulo de Cabo Verde. Breves estudos sobre o crioulo das ilhas de Cabo Verde oferecidos ao Dr. Hugo Schuchardt", Boletim da Sociedade de geografica de Lisboa, n° 6 (1886), p. 325-388; reprint: Jorge Morais-Barbosa (et alii), Estudos linguístico crioulos, Lisboa: Academia internacional da cultura portuguesa, 1967, p. 235-328
  • Responsabilidade medico-cirúrgica, Porto: Typ. António José da Silva Teixeira, 1865, 24 p., 23 cm.

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Etudes critiques - Articles



  • Maria de Lurdes P.S. Pimenta de Castro Guimarães, Custódio José Duarte: poeta do século XIX, Lisboa: Universidade de Lisboa, 1956, 234 f.
  • Alexandre da Conceição, "Custodio José Duarte", A renascença: orgão dos trabalhos da geração moderna, n° 5-7 (05-07/1878), p. 103-106  (web)

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