Jorge Pedro BARBOSA
(1933 - 2022)
Bibliographie
Jorge Pedro Pereira Barbosa est né le 29 juin 1933 à Santa Maria, sur l''ile de Sal et meurt le 3 janvier 2022, aux États-Unis (web).
Fils de Ida Feijóo Pereira (1910-2000) et de l'écrivain Jorge Vera-Cruz Barbosa (1902-1971), il épouse Maryann Kalapos, professeure à l'Université catholique de New York.
Il fait ses études à Mindelo, au Lycée Gil Eanes, puis travaille dans la Birgada de Fiscalização de obras portuárias de Cabo Verde, ce qui l'amène à voyager dans les îles, dont Santiago et Fogo où ils se passionnent pour la culture créole et la poésie qui lui est rattachée.
Il entre à la Rádio Barlavento dans les années 1930 où il anime des programmes culturels, mais aussi où il enregistre nombre de disques qui serviront de fonds musicaux dans la programmation de la radio.
Il se rend au Portugal, puis en France pour poursuivre des études en Sciences politiques et sociales, et en profite pour voyager à travers l'Europe. Il s'installe par la suite aux États-Unis où il devient employé de la Varig, la première compagnie brésilienne.
Pour plus de détails sur sa vie, voir le site barrosbrito.com (web).
Œuvres littéraires
D'après Manuel Ferreira, la poésie de Jorge Pedro Barbosa se nourrit du folklore de l'île de Santiago et c'est son goût pour cette culture qui le pousse à écrire en créole. Plus encore, il aurait fondé un "jornal académico" intitulé Restauração, avec Gabriel Mariano.
Quoi qu'il en soit, au début de sa carrière, il collabore à des périodiques tels que Cabo Verde, Garcia da Orta, Claridade ou encore Notícias.
En plus d'être écrivain-poète, Jorge Pedro est aussi musicien - compositeur. On le retrouve crédité sur plusieurs vinyles ou CDs, sous diverses fonctions.
Malgré tout, l'écriture semble pour lui plus un passe-temps qu'une carrière à l'image de son père.
La production est joyeuse, mutine à souhait, mais peu prolifique.
MUDJER DI HOJI
Mudjer di hoji
ca ‘ta di cunfiá!
É gosta purfiâ
cuma tudi homi
ta gosta d’el!
Mudjer di hoji
é linguarêra,
é subejadêra
Djê ‘squecê lada
rosto na rubêra,
dj’ê ‘squecê Cuma
tem fiticêra!
Mudjer di hoji
cuma dj’ê laba
moda gato
cuma d’jê calça
si sapato,
cuma d’jê basunta
rosto fépo,
cuma d’jê ‘nrola
na citim
dja ca falta-‘l
nês mundo más!
Mudjer di hoji
ta subi cama,
sunha, papiá,
ri na sono,
labanta cedo,
abri janela,
cuda própi m’ê si mé!
Dj’ê ‘squecê fitcha
labada-l horta,
d’jê squecê durmi
na cancaran!
É ca podê mora
na funco-l padja,
baxo coquêro,
è ca podê
coba-l midjo,
ê ca podê cume
papa co lêti!
Mudjer di hoji
ta ‘nrola língua,
raganha boca,
papiâ língua-l Xuxo
qui ca di Guiné!
Dj’ê ‘squecê conta
mocinhos, di noti,
‘storia-l bodeco
Nha Teodora,
d’jê ‘squecê cênde
si lupeta
dj’ê ‘squecê bira
loro cãcã!
Mudjer di hoji
ca podê obi
cantiga-l tabanca,
ca podê obi
tóqui cimboa,
ca podê obi
pito-l cariz!
Claridade, nº 8, 1958, p. 68-69
MUDJER DI HOJI
A mulher de hoje
não esta de confiar!
Gosta de porfiar que todos os homens
gostam dela!
A mulher de hoje
é linguareira,
é catadeira!
Esqueceu-se como se lava
o rosto na ribeira,
esqueceu-se que ainda
há feiticeira!
A mulher de hoje
desde que se lave
como um gato,
desde que calce
os seus sapatos,
desde que besunte
o rosto completamente,
desde que se enrole
em cetim
já não lhe falta
mais nada neste mundo!
A mulher de hoje
sobe à cama,
sonha, fala,
ri no sono,
levanta-se cedo,
abre a janela,
pensa mesmo que é verdade!
Já se esqueceu de fechar
a levada da horta,
já se esqueceu como
se tranca a porta,
já se esqueceu de dormir
na esteira de caniço!
Já na pode morar
no funco de palha,
debaixo dos coqueiros,
já não pode caver
covas de milho,
já não pode comer
papa com leite!
A mulher de hoje
enrola a língua,
arreganha a boca,
fala língua do diabo
que não é da Guiné!
Já se esqueceu de contar
aos meninos, à noite,
histórias do bodeco
da Nha Teodora,
já se esqueceu de acender
o seu candeeiro,
já se esqueceu de virar
o louro em cancã!
A mulher de hoje não pode ouvir
cantigas da tabanca,
não pode ouvir
o toque da cimboa,
não pode ouvir
o apito do caniço!
Claridade, nº 8, 1958, p. 72-73
Bibliographie
Périodiques
- "Cabo Verde ilhas adjacentes", Notícias de Cabo Verde: orgão regionalista independente, ano XXXI, n° 318 (1961), p. 8
- "Cutchidêra lâ di fora", Garcia de Orta: revista da Junta das Missões geográficas e de investigações do Ultramar, vol. IX, n° 1 (1961), p. 162-163
- Claridade: revista de intercâmbio cultural, n° 8 (1958):
- "Djom P´-di-Pilom", p. 67; traduction, p. 71-72
- "Mudjer di hoji", p. 68-69; traduction, p. 72-73
- "A ilha do Sal", Cabo Verde: boletim de propaganda e informação, ano VIII, n° 95 (08/1957), p. 12-13
- "Retalhos do Arquipélago: a cidade da Praia", Cabo Verde: boletim de propaganda e informação, ano VIII, n° 88 (01/1957), p. 18-19
- "Ele voltará um dia", Cabo Verde: boletim de propaganda e informação, ano IV, n°43 (1953), p. 21-22
- "O Mundo - Deu", Cabo Verde: boletim de propaganda e informação, ano n/a, n° 14 (1950), p. n/a
Recueils collectifs - Anthologies - Autres
- "Djom Pó-di-Pilom", in Erica Antunes Pereira / Maria de Fátima Fernandes / Simone Caputo Gomes (ed.), Cabo Verde, 100 poemas escolhidos, Praia: Ed. Pedro Cardoso, 2016, p. 89
- Luís Romano (ed.), Contravento. Antologia bilingue de poesia cabo-verdiana, Taunton (MA / USA): Atlantis Publishers, 1982:
- "Cutchidêra là di fora / Cochideira là de fora", p. 192-195
- "Nha tabaquero / Meu tabaqueiro", p. 196-199
- "Djom Pó-di-Pilom / João Pau-de-Pilão", p. 200-201
- "Mudjer di hoji / Mulher de hoje", p. 202-205
- Manuel Ferreira (ed.), No reino de Caliban: antologia panorãmica da poesia africana de expressão portuguesa (vol. I: Cabo Verde / Guinée-Bissau), Lisboa: Seara Nova, 1975 (3a ed. 1988):
- Zé-Buli-Mundo", 1988, p. 281
- "Vou ser senhor do Mundo", 1988, p. 281-282
- "Djom Pó-di-Pilom", p. 306; 1988, p. 300-301
- "Mudjer di hoji / Mulher de hoje", p. 308-311; 1988, 302-305
- "Vou ser senhor do mundo", in José Alves das Neves (ed.), Poetas e contistas africanos, Saõ Paulo: Editôra Brasiliense, 1963, p. n/a
- Jaime de Figueiredo (ed.), Modernos poetas cabo-verdianos: antologia, Praia: Edições Henriquinas Achamento de Cabo Verde, 1961:
- "Vou ser senhor do Mundo", p. 169-170
- "Zé-Buli-Mundo", p. 171-173
- "Minina di Bila", in Lena França - Amornado, Label Last Call Records - 3051102, CD, France, 1999 (piste 8)
- Zeneida Chantre, "Santo Antão", in Mulheres de Cabo Verde (compilation), Label Ovação - 181 CD, CD, Portugal, 1998 (piste 4): crédité "Jorge Barbosa" (son père?) sur la couverture de dos, à côté du titre. Note: il existe deux versions de ce CD.
- Poesia cabo-verdiana, Protesta e luta, Label PAIGC - 6802.580.Y, LP, Guinée-Bissau/Sénégal, 197-: crédité dans la section "Instruments, musique, arrangements"
- "Úme cá cre uvi ondas tchorá", in Djosinha com a Voz de Cabo Verde, Label Casa Silva - 113.058.1Y, LP, Hollande, 1967 (piste A3)
- "Manha cêdo" (coladera), in Bana acompanhado pela orquestra Voz de Cabo Verde - Penssamento e segredo, Label Casa Silva - 110.898.Y, LP, Hollande, 1966 (piste B5)
- "Tchapéu di padja", Marino Silva - Mornas, Label Alvorada - AEP 60670, EP 45 tours, 1965 (piste B1)
- "Manha Cede", in Bana accompagné par Luís Moraïs et son orchestre du Saloum - Mornas e coladeras, Label Pathé - EG 890, EP 45 tours, France, 1965 (piste B2)