O manduco
(1923-1924)
Bref historique
Le journal bi-hebdomadaire de 4 pages O manduco paraît sur l'île de Fogo à partir du mois d'août 1923 sous l'impulsion de l'écrivain Pedro Monteiro Cardoso. Il connaît au total 14 numéros (tous conservés à la BNP et numérisés), le dernier paraissant le 30 juin 1924. L'impression est réalisé par l'Imprensa nacional de Cabo Verde située à Praia.
Dès le n° 3, le journal se voit crédité du sous-titre "orgão defensor dos interêsses da Colónia". Initialement imaginé mensuel, le journal paraît dès le départ le 15 et le 30 de chaque mois jusqu'en février 1924 date à laquelle la production s'arrête pour quelques mois. L'impression ne reprend qu'en juin 1924 avec le n° 13 qui comprend alors 8 pages au lieu des 4 habituelles. Il s'agirait d'un numéro spécial et la date est approximative, car elle ne figure par sur la page de couverture du journal contrairement aux autres numéros.
Par ailleurs, si Pedro Monteiro Cardoso en est le "propriétaire, directeur et éditeur" au départ, il cède la place progressivement à d'autres. Le journal ne mâchant pas ses mots contre le pouvoir et se voulant décidément critique, il est probablement paru sage de diluer les responsabilités entre plusieurs mains amies, et peut-être aussi les frais. Quoiqu'il en soit, à partir du n° 6, le directeur devient Eugénio Tavares, l'administrateur Augusto R. Monteiro et les propriétaires Antõnio J. Rodrigues et Miguel Soares Rosa.
Le prix affiché au numéro est de 25$ jusqu'au numéro 6, après il n'apparaît plus sur le journal jusqu'au n° 13 où il passe à 50$.
APRESENTANDO-SE
Em nom de Deus...
É praxe dar-so, no 1.o número de qualquer folha política ou literária, a razão do seu aparecimento.
A nós, porêm, aborrecem-nos as praxes.
De mais, êste mensário é propriedade exclusivamente nossa.
Não nos consideramos, pois, obrigados a dizer os motivos determinantes da sua publicação.
Que o comprem, que o assinem e o paguem adiantadamente, aqueles que porventura os desejem conhecer. Que do respectivo contexto se inferem, quando expressamente se não declarem.
Dizer isto não será ainda programatizar?
Talvez. No entanto, assinar e pagar adiantadamente é o que convêm.
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Publica-se mensalmente e assim supomos podê-lo manter até onde nos permitirem os nossos limitados recursos.
Pode, contudo passar, de golpe, a hebdomadário. Basta um pequeno sacrificio por parte dos nossos compatriotas.
Custa cada tiragem de 1.000 exemplares 200$00 escudos. Ascenda esta a 4.000 e venda-se toda, logo se atinge o desideratum.
Cada qual gasta o seu dinheiro consoante o gôsto e feitio próprios. Não há querer-lhe mal por isso.
Êste na tavolágem, aquele nas tavernas e bordeis, aqueloutro em funçanatas que não dispensam o grogue e o foguetório: uns por vieio, outros por vaidade e todos sem utilidade, senão prejuízo, para si, para a família e para a comunidade. Se uma centéssima de toda essa dinheirama atirada pela janela fóra, pudesse ser recolhida no cofre do Manduco, transformar-se hia êste por encanto em... diário de grande formato.
Oh! como é dôce o sonhar!
Praza a Deus que vos tome, caboverdianos, o vício de o ler, não por empréstimo mas sómente pagando-o.
Amen!
EXPEDIENTE
É êste número enviado a todas as pessoas de cujo nome e morada tenhamos conhecimento.
Não o devolvendo até à publicação do 2.o número, serão consideradas assinantes; e, se depois recusarem pagar, publicados para escarmento os seus nomes na lista negra dos caloteiros.
Mas estamos convencidos de que não havorá necessidade de recorrer a tão extremos meios.
Primeiro, porque só enviamos o nosso jornal a homens de bem; segundo, porque, sendo êsses tais, bons patriotas, se hão aproveitar do ensejo que se lhes oferece para promover o bem da terra que os viu nascer.
Ler e propagar o Manduco é dever de todos os bons caboverdianos.
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Esta fôlha surge à luz, contando com o auxílio de todos e em particular com o da nossa esperançosa mocidade.
Não o mandiga, porêm; e, dispensado, aceita-lo hácomo o cumprimento de um dever.
Nestes termos, aí ficam as suas colunas à disposiçaõ de quem quer que queira, no interêsse da Colonia, expender as suas opiniões, ainda que absolutamente antagónicas àa do seu director e proprietário.
Excluem-se apenas as diatribes, verinas, insinuações e outros produtos similhantes da filáucia humana.
O manduco saúda efusivamente os seus colegas luso-africanos e declara que deseja manter com todos a mais estreita solidariedada.
O manduco, n° 1 (1923), p. 1
Collaborateurs - Table des matières
La table des matières et la liste des collaborateurs ont été réalisées à partir de l'édition reprint de 2016. Aussi il y manque les numéro 8 et 12. La BNP conserve l'intégralité des 14 numéros qu'elle a numérisés. Nous proposerons donc prochainement une version complète de ces deux listes.
A noter que nombre des textes anonymes sont sans aucun doute écrits par un des deux directeurs successifs, Pedro Cardoso et Eugénio Tavares.
La table des matières des numéros 1 à 7, 9 à 11 et 13 à 14 peut être consultée ici: pdf.
A noter que le n° 1 a été numérisé par la Biblioteca do Porto: pdf.
Liste des auteurs et collaborateurs (articles ou textes signés):
- Afro (alias de Pedro M. Cardoso), n° 2, n° 4
- Uma assinante, n° 3
- Antero José Barbosa, n° 6
- César Modeiros Barbosa, n° 6, n° 7
- João Gomes Barbosa, n° 4
- Joseph Barbosa, n° 2
- Belarmino F. Benroa, n° 10
- Bocage, n° 13
- José dos Reis Borges, n° 7
- Lord Byron, n° 1
- José Calasans / J. de Calazans, n° 1, n° 9
- Pedro Monteiro Cardoso, n° 1
- A. Feliciano de Castilho, n° 11
- Pedro de Faria e Castro, n° 13
- A. Ferreira, n° 13
- J., n° 14
- Mário Leite, n° 10, n° 13, n° 14
- A. Corsino Lopes, n° 1, n° 11
- José d'Africa, n° 5
- José Lopes, n° 1, n° 5, n° 6, n° 7
- João Mariano, n° 14
- João José Nunes, n° 1, n° 3, n° 7
- R.N., n° 13
- Mário Pinto, n° 1, n° 5, n° 7, n° 10, n° 11, n° 13
- X.R., n° 13
- Grano Salis, n° 2, n° 5, n° 9
- Alfrodo Rosário da Silva, n° 7
- Luís de Sousa, n° 13
- Eugénio Tavares / E.T., n° 1, n° 2, n° 3, n° 4, n°5, n° 6, n° 7, n° 9, n° 10, n° 11, n° 13, n° 14
- Kilda Teixeira, n° 14
- Kilda Vieira, n° 13
Etudes critiques - Articles
- Manuel Brito-Semedo, "Prefácio: Pedro Cardoso volta a zurzir com O manduco", in Pedro Cardoso, O manduco, Praia: Livraria Pedro Cardoso, 2016, p. 9-10